Por mais que o brasileiro defenda a “marca” como uma só, a verdade é que há duas operações Lava Jato bem distintas: a primeira, aquela tocada por Sérgio Moro e o time de procuradores paranaenses em Curitiba; a segunda, aquela que só investiga casos de pessoas com foro privilegiado, tocada por Rodrigo Janot e Teori Zavascki em Brasília. Exatamente 100% dos corruptos investigados preferem ter seus casos investigados pelo time da capital federal. E o caso de Sérgio Machado explica bem o porquê.
O ex-presidente da Transpetro, indicado por Renan Calheiros no governo Lula, confessou o desvio de exatos R$ 100 milhões por um período de 10 anos (há quem acredite que a verdade seria muito maior do que essa). Pela confissão, iniciará nos próximos dias o cumprimento de pena de três anos pelos crimes cometidos. O acordo homologado por Teori Zavascki setencia o delator a cumprir todo o período com tornozeleira eletrônica na mansão que possui num bairro nobre de Fortaleza, com piscina e quadra poliesportiva. De quebra, pagará multa de “apenas” R$ 75 milhões, ou 25% menor do que os valores desviados – ainda mais se forem consideradas as perdas com a inflação na última década.
Em Brasília, até mesmo a Lava Jato baixa a cabeça para todo tipo de pressão política. Pior: chega até mesmo a fazer esse tipo de pressão. Uma pena.